A indústria automotiva está em uma encruzilhada. À medida que os fabricantes de automóveis investem simultaneamente em veículos eléctricos (VE) e em motores de combustão tradicionais, surge uma tendência surpreendente: uma marcada falta de originalidade inovadora. A competição Carro do Ano (COTY) de 2026, avaliada através do Tannistest anual na Dinamarca, reflete esta realidade. De uma longa lista de 35 veículos elegíveis, apenas sete foram aprovados e poucos se destacam como verdadeiramente revolucionários.
O estado do design automotivo
A competição deste ano conta com 29 carros de 23 marcas, todos disputando a atenção de 59 jurados de 23 países. O resultado é um campo de veículos refinados e competentes – confortáveis, silenciosos e equipados com tecnologia impressionante – mas poucos que abrem novos caminhos. A indústria parece estar priorizando melhorias incrementais em vez de experimentações ousadas.
Por que isso é importante: A falta de assunção de riscos no design automotivo decorre do imenso fardo financeiro de desenvolver plataformas inteiramente novas e, ao mesmo tempo, fazer a transição para VEs. As empresas hesitam em apostar em ideias radicais quando a sobrevivência depende da maximização dos retornos dos investimentos existentes.
Concorrentes de destaque e oportunidades perdidas
Entre os veículos selecionados, o Skoda Elroq surge como um forte candidato. Não é inovador, mas representa a melhor execução de uma fórmula familiar: um crossover elétrico familiar de quatro metros e meio. O Fiat Grande Panda também se destaca pelo design lúdico e pela experiência de direção envolvente, provando que o charme ainda consegue superar a monotonia.
No entanto, vários modelos promissores foram ignorados. O Alpine A390, apesar de sua estética marcante, não conseguiu impressionar em desempenho. O Hyundai Ioniq 9, embora futurista e bem executado, não conseguiu garantir uma vaga. O DS No8, um veículo particularmente polarizador, lutou para justificar a sua existência num mercado lotado.
Principal conclusão: O conservadorismo do setor é evidente na lista restrita. Embora muitos carros sejam bons, poucos inspiram entusiasmo genuíno.
A lista: uma escalação familiar
Os sete finalistas do prêmio COTY 2026 incluem:
- Citroën C5 Aircross: Uma oferta confortável, mas normal.
- Dacia Bigster: Um modelo significativo para a marca, mas que carece do apelo do já consagrado Duster.
- Fiat Grande Panda: Destaca-se pelo charme e natureza divertida de dirigir.
- Kia EV4: Competente, mas muito semelhante ao EV3 anterior.
- Mercedes-Benz CLA: Um forte concorrente com avanços na tecnologia EV, superando potencialmente até mesmo o Tesla em eficiência.
- Renault 4: Uma oferta sólida, mas que parece uma variação do premiado Renault 5.
- Skoda Elroq: O melhor exemplo de um crossover elétrico refinado, mas convencional.
O veredicto: A corrida Carro do Ano de 2026 está se transformando em uma competição entre melhorias incrementais em vez de designs revolucionários. Embora o Mercedes-Benz CLA surja como pioneiro, a falta de verdadeira originalidade em todos os aspectos levanta questões sobre a direção futura da inovação automotiva.
A decisão final será anunciada em Janeiro, mas o cenário actual sugere que a indústria está mais focada em refinar os conceitos existentes do que em assumir riscos ousados.
